Uma mãe contra Salitre: mulher relata indiferença, ameaça e retaliação por cobrar ajuda com exames do filho de 3 anos

A auxiliar de limpeza Francisca Vitória da Conceição, moradora do município de Salitre, a 520 km de Fortaleza, relata enfrentar uma forte resistência da Gestão Municipal para conseguir exames médicos para o seu filho. Edson Gabriel da Conceição Morais, de 3 anos, foi diagnosticado com uma pedra na vesícula com apenas nove meses, mas teve uma piora na condição na última semana.

Ao procurar uma Unidade Básica de Saúde (UBS) do município, Vitória conta que a profissional que realizou o atendimento avisou que os exames eram urgentes e deveriam ser feitos no mesmo dia. "Fui pedir um ultrassom à secretária de Saúde, Georgia de Souza, juntamente com o prefeito Dodó Neoclides. Disse que era com urgência, e como a Prefeitura tem convênio, então eles têm como pagar. Mas eles falaram que não tinham como, e que só iam ver isso na quinta-feira. Como era urgência, era para ser feito naquele mesmo dia", relatou a auxiliar.

Mesmo tendo a proposta recusada, Vitória conta que, diante da situação, insistiu de novo no dia seguinte. Quando foi à sede da Prefeitura, ela afirma que não foi atendida, até que o irmão do prefeito, chefe de Gabinete, Dorgivan Pereira, disse que ela deveria ir embora do local. A declaração de Dorgivan foi reafirmada por outra pessoa do Governo Municipal. De acordo com a denúncia, Heliomar Henis, secretário de Administração, teria chamado a polícia para a mãe da criança. O relato foi acompanhado por um áudio, gravado pela mãe de Edson no momento da confusão.

Retaliação

Com a situação, a auxiliar de limpeza denunciou o caso para os veículos locais. A repercussão do assunto afetou a relação de trabalho de Vitória com outros funcionários do local. O seu contato foi bloqueado pelos colegas de trabalho, e todos têm evitado contato com ela. "Eles não me falaram nada, mas creio que vão me demitir, porque todos me bloquearam e nenhum fala comigo mais", afirmou.

A retaliação foi confirmada por um áudio no whatsapp, de uma funcionária do Posto de Saúde. "Tá certo Vitória, você é desse jeito. As coisas tem que ser da sua forma e do seu agrado. Aí você foi, aí prejudica a gestão, que é uma coisa que você trabalha e você não está reconhecendo isso. Mas tá bom, eu não me meto, mas como eu não me meto você não pede mais as coisas pra mim", disse a enfermeira em áudio.

A Rede A Notícia do Ceará (ANC) tentou entrar em contato com a Prefeitura de Salitre sobre o caso, mas não obteve resposta.

Solidariedade como chave de virada

Vitória conseguiu o atendimento para seu filho através da ajuda de moradores e figuras de influência no município. No entanto, as dificuldades permanecem, principalmente com a previsão de perder o emprego. "Preciso da assistência para meu filho. Preciso arcar com as despesas para realizar exames e consultas, além de comprar os remédios", afirma a pedagoga. Quem estiver interessado em ajudar a Francisca Vitória e o pequeno Edson, podem realizar as ações pelos dados bancários:

Tel e Whatsapp: +55 88 99353-1390