Justiça quebra sigilo de dados de envolvidos em transplantes com HIV

A Justiça do Rio de Janeiro autorizou a quebra do sigilo de dados eletrônicos e de mensagens dos envolvidos no caso de infecção por HIV em pacientes que receberam transplantes na rede de saúde estadual.

Por Ester Ferreira em 15/10/2024 às 09:24:14

A Justiça do Rio de Janeiro autorizou a quebra do sigilo de dados eletrônicos e de mensagens dos envolvidos no caso de infecção por HIV em pacientes que receberam transplantes na rede de saĂșde estadual. A decisão foi tomada neste domingo (13), durante o Plantão JudiciĂĄrio.

Os sócios e funcionĂĄrios do laboratório PCS Lab Saleme, de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, são os principais investigados. Ao todo, sete pessoas são investigadas. O laboratório é investigado por ter emitido laudos que diziam que dois doadores de órgãos não tinham HIV, quando na verdade eram positivos para o vĂ­rus. Seis pessoas que receberam os órgãos foram infectadas pelo vĂ­rus.

A juĂ­za Flavia Fernandes de Melo autorizou o acesso aos dados de "aparelhos eletrônicos apreendidos, como mensagens, e-mails, conversas em aplicativos de bate-papo em tempo real ou não, da agenda e da anĂĄlise das ligações efetuadas e recebidas, bem como de fotos, imagens, arquivos de vĂ­deo ou ĂĄudio dos aparelhos apreendidos, podendo tal diligĂȘncia ser realizada pelos próprios policiais civis, da Delegacia do Consumidor (Decon) que forem designados, do Instituto de CriminalĂ­stica Carlos Éboli (ICCE) e da Secretaria de PolĂ­cia Civil (Sepol), responsĂĄveis pela investigação".

A magistrada determinou a busca e apreensão nos endereços dos sócios-proprietĂĄrios do laboratório - Walter Vieira, Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira, Marcia Nenes Vieira e Eliane Nunes Vieira - e também nas residĂȘncias dos funcionĂĄrios do PCS Lab Saleme, Jacqueline Iris Barcellar de Assis, Cleber de Oliveira Santos e Ivanildo Fernandes dos Santos.

Segundo a juĂ­za, as diligĂȘncias policiais devem preservar "os direitos e garantias das pessoas, resguardando-se de possĂ­veis excessos a macular a prova a ser colhida, realizando-se minucioso relato do material encontrado, inclusive com depoimento das pessoas que estiverem no local e, se for o caso, a prisão em flagrante de supostos envolvidos".

A PolĂ­cia Civil cumpriu, nesta segunda-feira (14), 11 mandados de busca e apreensão e dois de prisão: Walter Vieira, que é um dos sócios do laboratório, e um técnico. Outros dois alvos de mandado de prisão estão foragidos. Segundo o delegado responsĂĄvel pela ação, André Neves, as investigações detectaram negligĂȘncia na checagem da validade dos reagentes, ou seja, dos produtos quĂ­micos que reagem com o sangue contaminado e indicam a presença do vĂ­rus HIV. Caso estejam fora da validade, esses insumos podem ser ineficazes na detecção do HIV e resultar em um exame falso negativo.

O objetivo era reduzir custos e aumentar o lucro do laboratório, segundo Neves.

Um dos sócios do laboratório PCS Lab Saleme, Walter Viera, afirmou em depoimento à polĂ­cia que o resultado preliminar feito pela sindicância interna do laboratório aponta indĂ­cios de falha humana na transcrição dos resultados de dois testes de HIV.

Entenda o caso

As infecções nos pacientes transplantados ocorreram após testes feitos por um laboratório privado, o PCS, apontarem ausĂȘncia do vĂ­rus HIV nos órgãos de dois doadores. O laboratório foi contratado pela Fundação SaĂșde, sob a responsabilidade da Secretaria de SaĂșde do Estado do Rio de Janeiro para atendimento ao programa de transplantes no estado.

O PCS teve o serviço suspenso logo após a ciĂȘncia do caso e foi interditado cautelarmente. Com isso, os exames em órgãos para transplantes passaram a ser realizados pelo Hemorio.

O Ministério da SaĂșde determinou a instalação de auditoria urgente pelo Departamento Nacional de Auditoria do SUS no sistema de transplante do Rio de Janeiro, e a apuração de eventuais irregularidades na contratação do referido laboratório, dentre outras providĂȘncias.

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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